Uma vez seu Ouvidor
escutou uma música incomum. Desse dia em diante ela insistia em tocar em
sua cabeça. Ele a ouvia com uma interrogação, não conseguia identificá-la, mas reconhecia uma intimidade com aqueles acordes. Aquelas ondas,
que entraram em sua mente de modo a reproduzi-las repetidamente,
forçando a memória, inquietando seu Ouvidor, traziam a quem ouvia
(ele mesmo e somente ele) uma sensação sublime e nostálgica de um
momento belo de sua vida. Podia ser um, podiam ser
vários. Prazer misturado com alegria, felicidade e todos esses
sentimentos intitulados bons. Seu Ouvidor parou de se azucrinar pra
saber qual era o nome da música, de quem era ou onde a escutara e
passou a só ouvi-la... e contemplá-la, apenas sentindo o gosto bom do
passado.